O “Guia” selecionou cinco peças imperdíveis na imensidão de espetáculos em cartaz na capital paulista, número que passa de 150. Corra, garanta seu ingresso e bom teatro!
O GRANDE SUCESSO
Ao questionar o ideal de sucesso e a repugnância pelo fracasso, a peça ironiza até mesmo a figura de Alexandre Nero, que sobe ao palco com outros sete atores/músicos. A história é sobre um grupo de artistas secundários que aguarda na coxia do teatro para participar de pequenas cenas em um espetáculo que dura quatro horas. Enquanto esperam, eles ensaiam, debocham do fato de que uma peça só faz sucesso com ator famoso (Nero!), mostram o vazio da idolatria, a repetição incessante de textos e a loucura que se cria quando a meta é apenas a fama.
Engraçada e melancólica, a montagem faz um paralelo poético entre o teatro e a vida e mostra que, hora ou outra, os dois acabam. O espetáculo fica em cartaz apenas até domingo (16) no Teatro Vivo, com uma sessão extra no domingo às 21h30. O texto e a direção são de Diego Fortes, a direção musical é de Gilson Fukushima, e no elenco estão Alexandre Nero, Carol Panesi, Edith Camargo, Fernanda Fuchs, Fabio Cardoso, Eliezer Vander Brock, Marco Bravo e Rafael Camargo.
Teatro Vivo – Av. Dr. Chucri Zaidan, 2.460, Morumbi, tel. 97420-1520. 274 lugares. Até 16/10. Sex.: 21h30. Sáb.: 21h. Dom.: 18h e 21h30. Ingresso: R$ 30 a R$ 100. 105 min. 14 anos.
VERMELHO
Ver Antonio Fagundes em cena é sempre imperdível, ainda mais nesta peça contundente sobre o mundo da arte na qual ele divide o palco com seu filho Bruno Fagundes. O texto do roteirista americano John Logan, responsável por filmes como “O Aviador” e as últimas sequências de “007”, fala sobre o pintor expressionista abstrato Martk Rothko (1903-1970), que, na trama, recebe em seu ateliê um novo assistente para auxiliá-lo em uma grande encomenda.
O jeito arrogante e prepotente de Rothko abre espaço para uma série de embates entre os dois sobre os movimentos artísticos, as diferenças de percepções e os conflitos de gerações. Mas engana-se quem pensa que a peça se refere apenas à pintura: tudo o que é dito em cena tem paralelo com nossas ações do dia a dia e instiga reflexão sobre questões filosóficas. Outras duas atrações: por R$ 100 a mais, o espectador pode ter acesso aos bastidores e conhecer os atores; e durante o bate-papo realizado após as sessões dá para participar de um leilão e arrematar um quatro pintado em cena pela dupla. A direção do espetáculo é de Jorge Takla.
Tuca – R. Mte. Alegre, 1.024, Perdizes, tel. 3670-8455. 672 lugares. Sex. e sáb.: 21h30. Dom.: 18h. Ingr.: R$ 60 a R$ 100. 80 min. 12 anos.
SÓ
O espetáculo do Grupo Sobrevento é uma melancolia e de uma beleza sem fim. Sem palavras, o elenco de seis atores (Sandra Vargas, Maurício Santana, Daniel Viana, Sueli Andrade, Liana Yuri e Agnaldo Souza) faz transbordar a solidão e a desumanização nas grandes cidades. Os personagens protagonizam diferentes situações e não sequenciais que partem sempre de um objeto para criar elementos poéticos e metafóricos sobre os sentimentos.
Dirigida por Luiz André Cherubini e Sandra Vargas, a peça tem como ponto de partida o livro “O Desaparecido”, de Franz Kafka, publicado em 1927. Outros elementos de destaque são a trilha sonora com música de Arrigo Barnabé, a iluminação de Renato Machado, o cenário de André Cortez e os figurinos de João Pimenta. A entrada é grátis.
Espaço Sobrevento – R. Cel. Albino Bairão, 42, Belenzinho, região leste, tel. 3399-3589. 80 lugares. Sáb. e dom.: 18h. Grátis. 100 min. 14 anos.
PESSOAS PERFEITAS
A vencedora do prêmio APCA de melhor espetáculo de 2014 está de volta a São Paulo. Com texto de Ivam Cabral e Rodolfo García Vázquez (que também assina a direção), a peça do grupo Os Satyros foi criada com base em uma pesquisa sobre moradores do centro da cidade. O tom lúdico confere força maior aos personagens, que são bem diferentes entre si e acabam convivendo.
Uma das personagens é Medalha, uma jovem mística que se mudou para a metrópole para buscar novos horizontes após a morte dos pais. Ela passa a frequentar a Igreja das Pessoas Perfeitas junto com seu namorado, um garoto de programa. Outra figura é Sarah, codinome de Ruy, que cuida da mãe idosa todos os dias e durante as madrugadas conhece pessoas por meio do disque amizade.
Espaço dos Satyros 1 – Pça. Franklin Roosevelt, 214, Consolação, região central, tel. 3258-6345. 70 lugares. Dom.: 20h. Até 18/12. Ingresso: R$ 40. 110 min. 14 anos.
MORTE ACIDENTAL DE UM ANARQUISTA
Com Dan Stulbach e Henrique Stroeter em cena, a comédia do dramaturgo italiano Dario Fo, Prêmio Nobel de Literatura, que morreu nesta quinta-feira (13) aos 90 anos, satiriza a polícia e a política ao mostrar um louco que se finge de juiz e começa a investigar um caso misterioso de um anarquista que teria se jogado pela janela do quarto andar. Ele vai assumindo várias identidades, enganando um a um e acaba descobrindo a verdade de todos nós.
O jogo criado em cena, que mistura realidade e ficção, prende a atenção do público, que estabelece uma relação estreita com o elenco. O texto partiu de um caso verídico de um provável “suicídio” de um anarquista em Milão, em dezembro de 1969. A direção é de Hugo Coelho, e a sonoplastia é feita ao vivo por Rodrigo Geribello.
Teatro Folha – Av. Higienópolis, 618, Higienópolis, tel. 3823-2323. Sex.: 21h30. Sáb.: 20h e 22h30. Dom.: 20h. Ingr.: R$ 40 a R$ 70. 80 min. 12 anos.