É para celebrar o amor incondicional que os atores da peça “Projeto Brasil”, da premiada Companhia Brasileira de Teatro, andam em meio ao público dando beijos em cada um que está ali.
Isso acontece durante uma trecho que discute o porquê de um tipo de casamento ser aceito juridicamente e outro não, por exemplo. Como o afeto entre duas pessoas —quaisquer que sejam elas— pode de fato te prejudicar? É para aproximar essa discussão da plateia que Rodrigo Bolzan e Nadja Naira beijam. Pode ser homem ou mulher, jovem ou velho. Cada um do público dá abertura para fazer o que quiser, de beijo na bochecha a selinho ou beijão mais acalorado.
Em cartaz até 17/7 no Sesc Belenzinho, a peça é composta de uma série de cenas que falam de forma indireta sobre o momento atual no Brasil e no mundo. O grupo, também formado pela atriz Giovana Soar e pelo músico Felipe Storino, deu forma à montagem após dois anos de pesquisas e seminários em cinco regiões do Brasil. As reflexões sobre o que viram estão retratadas no palco.
Sob a direção de Marcio Abreu, “Projeto Brasil” expõe o estupro, a dominação, a dificuldade de comunicação, a avalanche de informações, a guerra —velada ou não— que estabelecemos todos os dias, a morte aos poucos, a dor excessiva, a festa sem propósito. É uma sucessão de discursos, um deles inspirado em um pronunciamento real do ex-presidente uruguaio José Mujica.
A experiência sensorial que acontece ali, com trilha sonora marcante e saídas criativas como a das bexigas (os estouros são tiros ou celebração?), instiga uma reflexão profunda sobre o mundo que queremos. E sobre o que fazer para conseguir um equilíbrio mínimo, que é a igualdade entre todos.
Sesc Belenzinho – sala 1 – r. Padre Adelino, 1.000, tel. 2076-9700. Até 17/7. Qui. a sáb.: 21h30. Dom.: 18h30. Ingr.: R$ 25 (à venda pelo sescsp.org.br).