O musical “Cazuza – Pro Dia Nascer Feliz” marcou uma série de sessões ao ar livre nesta reta final de temporada —que já passou por várias cidades, chega nesta sexta (26) a São Paulo e termina domingo (28) em Brasília.
O ator Marcelo Varzea, que interpreta João Araújo, o pai do cantor, achou que seria meio arriscado encenar a peça em lugares abertos. “Por causa de vaia, xingamento, reação negativa e grosseira às cenas gay”, diz. “A gente ficou preocupado porque, num momento de extremismo e de uma caretice reinante no país, as duas pontas, a vanguarda e essa caretice, estão muito presentes.”
Mas ele conta que nada disso aconteceu até agora, “nenhuma reação ruim e nenhuma ocorrência policial ou médica.” Pelo contrário. Em Curitiba, por exemplo, “a gente não conseguia enxergar, do palco, o final da rua, era um mar de gente cantando e dançando, uma comoção realmente”.
A apresentação na capital paulista será no Memorial da América Latina, de graça, a partir das 21h desta sexta (26). A versão ficou mais “enxuta”, com 1h40 de duração e sem intervalo (antes eram 2h40).
Quem faz Cazuza (1958-1990) é Emílio Dantas, sob a direção de João Fonseca, que chama a atenção pela semelhança da voz e dos trejeitos.
Em cena, o público poderá ver detalhes do sucesso do artista, seus amores, seu envolvimento com drogas e sua luta contra a Aids.
Varzea, que também estará no musical da Broadway “Antes Tarde do que Nunca”, com estreia marcada para 20/8, faz questão de destacar a força das canções de Cazuza. “O Brasil está dividido entre vermelhos e azuis, está tentando se encontrar, a gente ainda é uma nação muito partida. E cantar ‘Brasil, mostra a tua cara’ é muito forte. Terminar a carreira do espetáculo em Brasília, cantando isso, vai ser muito significativo.”
E completa: “No meio de tantos Felicianos, evangélicos caretas, fundamentalistas, extremistas de todos os lados e todo tipo de gente que a mídia eletrônica e as redes sociais puderam revelar, a gente poder cantar ‘Todo Amor que Houver Nessa Vida’ é genial”.