Stand-up é excluído da Virada Cultural; humoristas comentam

Por fabiana seragusa

O palco dedicado ao stand-up estreou na Virada Cultural de São Paulo em 2011, no Viaduto do Chá, e fez tanto sucesso que em 2012 foi transferido para a praça da Sé, reunindo mais de 50 humoristas em cena e mais de 200 mil pessoas na plateia nos dois dias de apresentações. Em 2013 e em 2014, também foi um dos locais mais disputados. Mas agora o palco foi extinto.

Questionada sobre a exclusão, a assessoria diz que “os palcos da Virada não são fixos” e que “a ideia do evento é sempre mudar a oferta de programação
a cada ano, mantendo a essência, que é a ocupação das ruas”.

A 11ª edição do evento será realizada sábado (20) e domingo (21) em todas as regiões da cidade, com cerca de 1.500 atrações —de shows a peças de teatro.

VEJA QUEM PARTICIPOU DA VIRADA EM 2014:

X

Saiba o que alguns humoristas acharam do fim do palco de humor:

Ben Ludmer
“Acho que o stand-up é uma forma de arte democrática, talvez uma das mais democráticas e acessíveis que existem. A Virada perdeu muito sem o stand-up, num momento que o espectador brasileiro finalmente conhece o gênero, e principalmente pela situação política que o país vive. Mas vai entender, talvez esse tenha sido o motivo, já que o stand-up põe o dedo na ferida. Acho que preferiram evitar a crítica, afinal o evento é público. Mas sou muito grato pelos anos que participei, foi uma das experiências mais incríveis da minha carreira.”

Bruno Motta
“Era um dos palcos de maior sucesso, e dava prazer de fazer de graça para as pessoas que muitas vezes não podem pagar um ingresso tão caro. O público gosta de stand-up porque se identifica, e o comediante se questiona e fica indignado com as mesmas coisas que o povo. Pode até ser que tenha sido isso o motivo. É uma pena, durante anos fui apresentador de sessões pra dezenas de milhares de pessoas, e isso só acontece na Virada Cultural.”

Rey Biannchi
“É lamentável. Mas é assim mesmo, o dinheiro é só pra o roubo dos políticos, se não tem, eles cortam tudo.”

Murilo Couto
“Achei bem estranho [não ter o palco]. Sempre que teve foi bom. Não sei se é um revezamento normal ou se tem política envolvida, sei lá. Não sei se era o único, mas nesse palco sempre tinha alguém fazendo piada com a prefeitura.”

X