Você não conseguiu fazer a inscrição para o Método Abramovic a tempo? Dá para tentar a sorte chegando um pouco antes e entrando numa fila para não-inscritos.
No dia em que vivenciei o método (2/4, sessão das 9h), essa fila era grande, mas todo mundo conseguiu, já que o limite estipulado (90 pessoas por sessão) não foi preenchido.
Vale lembrar, no entanto, que a entrada sem inscrição prévia não é garantida.
A série de exercícios faz parte da exposição “Terra Comunal – Marina Abramovic + MAI”, em cartaz no Sesc Pompeia até 10/5.
Por que fazer (ou não) o Método Abramovic?
Sim, a expectativa no início da sessão é grande, já que se trata de um método desenvolvido pela maior performer viva do mundo. Vale a pena?
Bom. Saiba, de antemão, que Marina Abramovic não estará lá para aplicar os exercícios. Ao menos não fisicamente –ela aparece em televisores dando introduções como agitar as mãos para energizá-las, abrir as narinas para deixar o ar entrar e dar soquinhos no próprio corpo. Depois disso, os participantes deixam de escutar a “Marina-videoprojetada” e começam a aula, efetivamente.
Não cabe a este post explicar o passo a passo (não daria tamanho spoiler, apesar de os relatos serem facilmente encontrados na internet). Mas dá para contar que são exercícios que nos colocam em contato com o próprio corpo, em uma espécie de meditação, para nos devolver um pouco do tempo que sempre é ausente.
Essa é, aliás, a principal justificativa da artista sérvia para o método –é preciso desacelerar para apreender a arte performática.
Eu não tenho o costume de meditar. Então qualquer exercício que pré-estabeleça que eu esvazie a mente me faz ter um turbilhão de pensamentos. Talvez esse seja um dos pontos que tenham prejudicado o meu aproveitamento do método.
Outra questão que não pode ser controlada são os participantes. Apesar de não termos quase nenhum contato com outras pessoas ao longo dos exercícios, elas podem intimidar –ainda mais se forem colegas de profissão, como no caso da sessão aberta apenas para jornalistas, no começo da mostra.
Eu preferi fazer o Método Abramovic em um dia comum. E um dos exercícios exigiu a colaboração de um parceiro –é a hora em que nos sentamos frente a frente, em duas cadeiras, e nos olhamos nos olhos. Como Marina Abramovic fez na exposição “The Artist is Presente” (2010), realizada no MoMA, em Nova York.
Na minha vez, grata surpresa: meu partner não conseguiu me fitar os olhos e… dormiu. Continuei olhando fixamente, na esperança de que ele acordasse e concluísse o exercício. Não deu muito certo.
Segui em frente e terminei o método. Caminhei lentamente, senti os músculos das pernas, ouvi e controlei minha respiração. Tentei mergulhar, ainda que o salto não tenha sido tão profundo quanto gostaria. Mas pode ser com você.
Em tempo: aproveite, antes ou depois do Método Abramovic, para visitar toda a exposição. Ela faz uma retrospectiva das performances mais emblemáticas de Marina, e vale muito a pena.